Fotos: Mari Chiba
Lançada em Belém na última terça-feira (15), a edição de dezembro da revista Mag!, com o tema “Luxo Sem Medida”, retratou a capital paraense, que já foi considerada a Paris n’América nos tempos áureos do ciclo da Borracha. O lançamento da Mag! dezembro ocorreu no Boulevard Shopping.
Para isso, a equipe da revista, tendo à frente o publisher Paulo Borges, veio para Belém, onde fotografou ensaios de moda com paraenses famosas, como a top Caroline Ribeiro e a cantora Fafá de Belém. Joelma, vocalista da Banda Calypso, também é estrela desta edição, que conta ainda com uma entrevista em dose dupla, feita com os estilistas paraenses André Lima e Lino Villaventura. Outro ícone fashion evidenciado, através de um texto escrito por Carlos Alberto Dória, é o lendário Dener Pamplona de Abreu, que nasceu em Soure, na Ilha do Marajó (PA), e morou em Belém, de onde saiu para ser protagonista do início da constituição da moda brasileira, nos anos 60.
Luxo – A ideia de retratar o conceito do luxo já fazia parte do projeto-editorial da Mag! desde o começo de 2009. Paralelamente a isso, Graziela Peres, diretora de criação da revista, tinha vontade de entrevistar a cantora Joelma que, ao lado do marido Chimbinha, vem sacudindo o Brasil ao ritmo do calipso e chamando a atenção com o seu figurino ousado, extravagante e inspirado na Amazônia. “Levei ao Paulo Borges a ideia de aliar esse desejo ao luxo de Belém, a Paris n’America brasileira, ao mesmo tempo em que o mercado da moda, principalmente o universo luxuoso das grandes grifes, era surpreendido pela crise econômica mundial”, disse Graziela.
Peres já conhecia um pouco da região a ponto de identificar o luxo presente na floresta, na música, na cultura, nas comidas, no calor de rachar e em outras características que muito bem representam a capital do Pará. O trabalho de fotografia dos editoriais começou em setembro passado e o resultado já está nas páginas de Mag!, nas bancas de todo o Brasil, Paris e Lisboa.
Em meio a tanto sucesso, a Mag! dedicada à cultura paraense já rende frutos. Em setembro de 2010, a moda nacional voltará novamente seus holofotes ao Pará, garante Paulo Borges. “Vamos estar de volta a Belém para a realização de um evento com desfiles e exposições, cujo tema é a sustentabilidade”. Para Borges, a moda sustentável, voltada para o trabalho artesanal, reaproveitamento e uso de fibras naturais e sementes, é o futuro da moda, ainda que pouco difundida atualmente. “Pouca gente trabalha com a moda sustentável no Brasil como, por exemplo, o Lino Villaventura e a Isabela Capeto. Mas isso ainda é uma sementinha que estamos plantando, regando e que ainda vai crescer e florescer”, disse Paulo.
Em cena, Caroline Ribeiro, a top internacional, voltou às origens num ensaio de 50 páginas realizado pelo fotógrafo Gui Paganini e pelo stylist Paulo Martinez. Foram cinco dias de trabalho, em diversas locações em Belém, Santa Izabel e Icoaraci. Em paisagens como casarões e ruas antigas, como as do bairro da Cidade Velha, em Belém, e em meio à vegetação amazônica do Retiro Moema, em Santa Izabel, Caroline reviveu o passado numa terra que nunca abandonou.
Da terra - Eles surgiram no cenário da moda em épocas distintas. Lino Villaventura na década de 70 e André Lima dez anos depois. Mas o que compara esses dois estilistas além da origem paraense? Sem dúvida a forma de enxergar a moda de uma maneira carregada de impressões visuais da infância e adolescência vividas na Amazônia e, ao mesmo tempo, mescladas com um olhar cosmopolita e contemporâneo.
Da terra - Eles surgiram no cenário da moda em épocas distintas. Lino Villaventura na década de 70 e André Lima dez anos depois. Mas o que compara esses dois estilistas além da origem paraense? Sem dúvida a forma de enxergar a moda de uma maneira carregada de impressões visuais da infância e adolescência vividas na Amazônia e, ao mesmo tempo, mescladas com um olhar cosmopolita e contemporâneo.
André Lima não se diz regionalista e nem possuir em seu trabalho traços indígenas ou marajoaras. Ele afirma possuir um olhar intenso, acostumado a captar cores marcantes que são uma das características da Amazônia. “Se vou criar uma coleção inspirada no Japão, meu olhar vai fitar a essência e a intensidade das estampas fortes daquela região”.
Lino Villaventura é a mais perfeita tradução da influência amazônica e faz questão de assumí-la, embora também a cultura nordestina esteja presente em seu trabalho. Aliás foi em Fortaleza, na década de 70, que ele iniciou no mercado da moda, ao lado de sua sócia e esposa, Inês. “A Amazônia é muito forte nas minhas coleções, onde as cores e as texturas são densas; enquanto no universo cultural do Nordeste, elas se mostram mais fortes. Essa mistura amazônica e nordestina está presente no meu trabalho”, ressalta.