sábado, 18 de abril de 2009

No balcão, a xícara


Por Mari Chiba
Foto: Mari Chiba

Solitária num balcão, uma xícara. Um capuccino com muito chantilly causou-me espanto! Muita gente, movimento e correria. Minhas noites, desde não sei mais quando, eram assim - ainda são, mas estou tentando colocar um fim nisso. É motorista, assaltante, estudante, “pé-rapado” e empresário. Tudo entrevistado e entrevistada, fotografado e fotografada. No meio da enrolada, fui brindada, certa noite, com uma pauta sobre um café da cidade, no Café da Sol.

Perambulando entre as mesas, ao ver e ouvir ali aqueles que compunham o cenário, deparei-me novamente com aquela sensação de estar não estando, concentrada no trabalho. De relance, olhei para o balcão. Lá estava ela: a xícara, posta pelo garçom para ser fotografada. Quando segui em direção a ela, o cenário desfocou. Poucos passos. Ligeiros. Era uma xícara, um capuccino, tão só, tão singela num balcão. Um espanto em mim. Recobrei-me. Um momento, poucos segundos, só eu e ela.

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